São Paulo. O havaiano Guy Kawasaki trabalhou na Apple com Steve Jobs, sendo um dos responsáveis pelo marketing do computador Macintosh em 1984. Ainda lá, em 1998, Kawasaki viu de perto o nascimento do iMac G3, um computador com design futurista e cores translúcidas que impressionou o mercado, dando início a uma leva de produtos com a aura de "revolucionários" que se seguiram até a atual era da mobilidade que tem o iPhone como ícone. Guy Kawasaki era o evangelista de produtos da Apple, mas agora está do outro lado da trincheira na guerra dos sistemas móveis. Hoje, ele é consultor especial da Motorola Mobility, companhia que foi adquirida pelo Google no ano passado e que agora lança o primeiro smartphone desta nova fase, o Moto X.
No mercado norte-americano, os usuários podem personalizar o aparelho com diferentes cores para uma série de itens. Aqui no Brasil, por enquanto o Moto X só é vendido em duas cores: preta e branca
A troca de lado por parte do consultor está ligada à mudança de cenário no mercado da mobilidade. "O Moto X é hoje o que o iMac G3 representou para o mercado em sua época", disse Kawasaki durante o lançamento do smartphone no Brasil, em São Paulo, na semana passada. Para o consultor, a Apple deixou de ser uma companhia inovadora. "A Apple perdeu sua posição", diz. A empresa da maçã, segundo ele, não é mais a maior rival no mercado de smartphones. Agora, quem está nesta posição é a Samsung.
Lentidão da Apple
Kawasaki criticou o fato da Apple levar dois anos para oferecer um aparelho com conectividade 4G (recurso presente no Moto X) e ainda deixar para um próximo modelo a incorporação de tecnologias como a NFC (de comunicação sem fio por aproximação). Colocando-se como usuário, Kawasaki cita entre os motivos que o fizeram abandonar o iPhone em favor de um smartphone com o sistema operacional Android, do Google, fatores como os fracos recursos multitarefa, a pouca duração de bateria e os conectores fora de um padrão universal.
É apostando numa simplificação do uso do smartphone como diferencial que a Motorola traz ao mercado o seu Moto X. O Tecno experimentou o dispositivo por uma semana. Um dos seus destaques é o recurso de reconhecimento de voz, que permite ao usuário consultar informações sem precisar tocar no aparelho. Mesmo sem estar em uso, o Moto X fica o tempo todo pronto para atender ao chamado do usuário - e somente dele.
O usuário configura o aparelho para que ele entenda somente a sua voz. Depois disso, basta dizer "Ok, Google Now" para que o aparelho responda de forma personalizada e fique à espera de uma ordem. Assim, é possível checar informações como a previsão do tempo, direções no trânsito, temperatura, programação do cinema e até mesmo fazer uma ligação.
O recurso Google Now está presente em outros aparelhos com Android de marcas rivais da Motorola, mas nenhum deles tem essa habilidade de estar sempre à espera de um comando de voz do dono. "Você não pode dizer ´Ok, Samsung Now´ ", alfineta Guy Kawasaki.
Assistência
A Motorola também se dedicou em facilitar a vida do usuário com a sua aplicação Assist. Com ela, o usuário pode determinar alguns comportamentos que o aparelho terá em determinadas situações. Se você estiver dirigindo seu carro, o aparelho saberá disso (com o GPS ligado) e poderá ler para você as mensagens que chegarem, avisar quem está ligando e, como o motorista não pode atender, ainda enviar uma mensagem dizendo que o usuário está ao volante e retornará a chamada em breve. De forma semelhante, o Assist também pode tomar conta da situação para você caso esteja em uma reunião ou dormindo. Nestes casos, ele também coloca automaticamente o aparelho no modo silencioso e só chama o usuário se o contato estiver na sua lista de favoritos.
Outro exemplo de recurso que simplifica a operação do telefone é a câmera instantânea do aparelho, com resolução de 10 megapixels. Para tirar uma foto, ao invés de ir ao menu e buscar o ícone desta função, basta ao usuário movimentar o pulso rapidamente duas vezes e a câmera do dispositivo fica pronta para fotografar.
Graças à integração com outro produto do Google, o navegador Chrome, o usuário do Moto X ganha outra facilidade. Se esquecer o aparelho em algum lugar, mesmo assim ele pode checar suas mensagens SMS e ver quem ligou para seu telefone, através do navegador em qualquer computador.
O dispositivo também dispõe da função "tela inteligente", que ao invés de deixar uma luz piscando cada vez que chega alguma mensagem para o usuário mostra a informação discretamente na tela, iluminando apenas a área onde se pode ver o aviso. Isso evita que o usuário fique ligando sempre a tela do smartphone para checar as mensagens e pode resultar numa maior duração da carga da bateria. No período de teste feito pelo Tecno, com sua utilização sem exageros, o aparelho conseguiu terminar o dia com mais de 50% da carga. O usuário que não exige muito do aparelho durante seu dia de trabalho não precisa levar consigo o carregador.
Por esse conjunto de atrativos, fica claro que a Motorola se esforçou para entregar uma experiência de uso inovadora. A atenção e os elogios que o aparelho tem recebido da imprensa especializada é mais por isso do que por seu hardware. Mas o casamento deste com as aplicações é perfeito. O dispositivo executa todas as tarefas com fluidez e sem esquentar, como já notamos em experiência anterior com o Motorola Razr HD.
Configuração
Para dar conta do recado, o Moto X usa uma combinação de processadores de múltiplos núcleos. O principal é o Snapdragon S4 Pro de 1,7 GHz, com dois núcleos, combinado com um Adreno 320 de quatro núcleos que cuida da parte gráfica, e mais dois núcleos (um para a computação contextual do sistema e outro para o processamento de voz). Sua memória RAM é de 2 GB e o espaço interno de armazenamento é de 16 GB. A versão do sistema Android é a 4.2.2. Sua tela, com resolução HD de 720p, tem 4,7 polegadas, o tamanho máximo ideal para permitir a utilização sem ocupar as duas mãos.
Comparado com o Galaxy S4, top de linha da Samsung, o Moto X apresenta uma configuração mais modesta em itens como processador (1,7 GHz dual-core versus 1,9 GHz quad-core), câmera digital (10 MP contra 13 MP), resolução de tela (720p versus 1080p). No entanto, o usuário comum não notará essa inferioridade. Os recursos disponíveis pelo aparelho da Motorola e o preço fazem dele uma boa alternativa na disputa com a dobradinha Galaxy S4 e iPhone 5.
O Moto X, disponível em duas opções de cores (preta e branca), já está em fase de pré-venda no Brasil por R$ 1.799, na loja virtual da companhia, e chega às lojas a partir do dia 17 deste mês. Nos Estados Unidos, o aparelho de 16GB é vendido por US$ 199 (sob contrato com a operadora). O diferencial por lá é a variedade de cores disponíveis para que o usuário possa personalizar o aparelho, tudo através da internet, através do site MotoMaker.com - ainda não disponível no Brasil.
RecursosGoogle Now: Recursos inteligentes que se ajustam automaticamente ao perfil do usuário. O aparelho dá informações contextualizadas, como por exemplo a situação do trânsito de casa para o trabalho e a previsão do tempo para sua localização.
Motorola Assist: O dispositivo toma providências automaticamente para ajudar o usuário em várias situações, como quando estiver dirigindo ou em reunião.
Comando inteligente de voz: O Moto X conta com um processador dedicado a atender os comandos de voz do usuário. O recurso fica sempre ativo, mesmo se o aparelho estiver em modo de espera.
Motorola connect: Se esquecer o aparelho em casa, o usuário pode acessar as mensagens e ver quem ligou utilizando o navegador Chrome em um computador qualquer.
Fonte: Diario do Nordeste online
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